UIVANDO PELO MUNDO ...

Seja bem vindo ao Uivo da Loba

center>

sábado, 19 de abril de 2014

Dia do Índio




Dia do Índio
E todo dia era dia de Índio...

Parabéns aos nossos Índios, expropriados de sua terras, massacrados pelos Brancos, humilhados e mesmo assim sobreviventes...
Quando todos os dias eram deles, hoje resta apenas o dia 19 de Abril, pra que lembremos quem eram os verdadeiro donos da "Terra Brasilis."

Feliz Páscoa

Feliz Páscoa a todos os amigos, que a alegria esteja presente em todos os lares, que os sonhos se renovem e possamos perdoar e recomeçar sempre, pois a vida só tem sentido se houver amor, paz e união. Bjus no coração de todos!
Feliz Páscoa

Contra.pontos poéticos I

Uivo da Loba


Um dia viu-me ver uma janela. 
Deixou que me deixasse ficar na nostalgia cúmplice da visão das crianças que adiante corriam e gritavam e sabiam estar numa vida sem estradas de asfalto a doer os pés descalços.

Reaproximei da voz íntima que perpassava o vidro frio da janela inexistente.

Um dia ouviu-me ouvir a súplica distante que dizia
"retorna-me àquele tempo, deixa-me também perder as estradas e correr disparada até que
nenhuma porta enjaule,
nenhuma janela importe"

Um dia travou meu impulso de me jogar ao desejo de transpor vidro, batente e trava.
Transpor e cair.
Cair ou voar.

...

Um dia impediu meu corpo impune e fez minha palma tocar ao leve a janela.

Sumi as crianças.
Desfoquei a rua.
O mundo se tornando em ritmo de soro o meu reflexo difuso.

Um dia me reaproximei de sua voz sussurrada que dizia

"aprende a gostar do vidro
antes de partir ao mundo."

Texto da página Poesia & Nanquim

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tempo – Morte
Corroendo
As grandes escadas
Da minha alma.
Água. Como te chamas?
Tempo.
Vívida antes
Revestida de laca
Minha alma tosca
Se desfazendo.
Como te chamas?
Tempo.
Águas corroendo
Caras, coração
Todas as cordas do sentimento
Como te chamas?
Tempo.
Irreconhecível
Me procuro lenta
Nos teus escuros
Como te chamas, breu?
Tempo.

Hilda Hilst
in “Da morte. Odes mínimas.”

Uivo da Loba

RUA BAKUNIN, SEM NÚMERO

Rasgo a alma para que caibam
os versos sem melodia
os erros de gramática
e a suprema crueldade do amor
daqueles que criam pássaros
engaiolados. E ouvem
esse canto domesticado
como se fosse Mozart numa
camisa de força – E aplaudem!

Eu, se fosse o pássaro trancafiado,
tentaria – de todas as formas
quebrar alguma taquara (ou arame)
dessa gaiola.

Vai ver é por isso que não aceito:

Nem métrica Nem prisão!
Nem pátria Nem patrão!

Lou Albergaria
Uivo da Loba

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ponto de Honra

Ponto de Honra


Desassossego a paixão
espaço aberto nos meus braços
Insubordino o amor
desobedeço e desfaço

Desacerto o meu limite
incendeio o tempo todo
Vou traçando o feminino
tomo rasgo e desatino

Contrario o meu destino
digo oposto do que ouço

Evito o que me ensinaram
invento troco disponho
Recuso ser meu avesso
matando aquilo que sonho

Salto ao eixo da quimera
saio voando no gosto

Sou bruxa
Sou feiticeira
Sou poetisa e desato

Escrevo
e cuspo na fogueira

Maria Teresa Horta

Preconceito

Hoje, lí um desabafo sobre preconceito que uma amiga sofreu por ter tatuagens, e fiquei refletindo sobre isso, afinal eu tenho, e me sinto indignada quando vejo tal coisa acontecer numa sociedade em que a bunda é patrimônio nacional, onde as escolas passam de ano seus alunos sem saber sequer ler, onde a política rouba e expropria a olhos vistos e a violência contra mulheres, crianças e idosos é constante nos "Pasquins Tupiniquins", quando a qualidade musical do país é resumida ao batidão do funk, e as pessoas fingem não ver o pão e circo que está sendo criado com a copa do mundo, pra tirar do centro das atenções a miséria latente e a decadência do nosso país...
Num mundo onde impera a violência, fome, desamor, desesperança e a hipocrisia, ainda há pessoas que se acham no direito de julgar a aparência exterior dos outros.
Caráter, honra, respeito e responsabilidade se tem ou não!
Critique a sociedade em que vivemos, feia é a fome que assola o mundo.
Eu tenho tatuagens; porque gosto, posso, e porque ninguém, absolutamente ninguém, tem nada a ver com a minha vida, preconceito se existe, eu nem ligo; pois quem paga minhas contas (e são bem altas) sou eu.
Como uma vez disse minha irmã de coração "tem que ter atitude" pra exibir tatuagens desse tamanho, ela tinha razão, atitude é o que não me falta.
Tatuagem não define caráter, agora preconceito é a falta dele!

Valéria Russo
Preconceito

A Qualidade do Mistério

A Qualidade do Mistério

Quem percorre escalas dos abismos às estrelas
e caminha em labirintos e conhece o avesso
sabe dos explosivos que há nas galerias subterrâneas
sabe o lugar
onde os possessos, os ferozes, os obsessivos, os devassos
os obstinados, os físicos, os alquimistas, os que lidam
com os sonhos, os que se entregam à paixões
vem banhar-se
sabe do que eles se alimentam
e como enlouquecem na articulação dos tempos

quem sabe onde repousa remota e anônima aquela lua vermelha
e onde as espirais intermináveis do desejo se iniciam

quem está acostumado a extensões
a superfícies, a temperaturas e significados
e determina os pontos cardeais
quem decifra enigmas e dispõe
do poder da semente
embrenha na aranhosa viagem
através da matéria misteriosa da mente
e de todos os outros sentidos, além dos cinco

quem conhece o que se move
e não se espanta
conhece o jogo, conhece mais, o privilégio.

Bruna Lombardi
A Qualidade do Mistério

O Esconderijo

O Esconderijo
Mulher é sempre mais perigosa;
pois guarda um esconderijo dentro de si.
E guarda 
todas as horas, e os filhos
que não se tornaram óvulos. E
os homens que não se tornaram amor.
E os que vingaram
foram expulsos do paraíso – como os anjos
rebeldes: eu & você
e este desejo de fazer a revolução
empunhando a palavra – Amor!
:
Depois,
abre-se a mão, abre-se o útero:
e voltamos ao paraíso! Ou,
é só um outro modo de se esconder?

Lou Albergaria

sábado, 5 de abril de 2014

Domingo

Procuro o verso embrionado...
Entranhado, o poema não que ser parido...
Em minha fecunda imaginação, apenas a palavra: Domingo!
Domingo por si já é um poema
Uma Ode triste
Um espasmo dilacerante pros meus nervos
O imobilismo
O fim e o começo
O passivo
Lamento... Se lhe rasgo a poesia
Sempre odiei os Domingos.

Valéria Russo
(Loba)
Domingo

A Mãe que Chovia

A mãe choveu sobre as piscinas, as barragens, o mar, os rios, as pontes, os barcos, as gruas, os portos, as marinas, os lagos, os jardins, o jardim zoológico, os macacos, os elefantes, as girafas, as zebras, os hipopótamos, os tigres, os leões, as avestruzes, as cobras, os crocodilos e os tamanduás. A mãe choveu sobre as quintas, as galinhas, os patos, os cavalos, os burros, as vacas, os porcos, as ovelhas, as cabras, os cães, os gatos e os ratos.
A mãe choveu sobre as prisões e os cemitérios. Ui.
A mãe choveu sobre os hospitais, as paragens de autocarro, as estações de comboio, os jardins, as estátuas, as igrejas, as mesquitas, as sinagogas, os templos, as fábricas, as lojas, os terrenos vazios, os edifícios em obras, os hotéis, os museus, os teatros, os cinemas, as varandas, os terraços, as esplanadas, as praias, as montanhas, as tendas de circo, as tendas de campismo, as cabanas, as barracas, as lixeiras.
A mãe choveu sobre os guarda-chuvas, as cabeleiras, as carecas, os chapéus e os bonés. A mãe choveu desesperada por todo o lado, mas não o encontrou.
Então, de repente, então-então, a mãe começou a sentir uns pés a atravessarem-na.
Depois, umas pernas.
Era o seu filho que descia de pára-quedas através dela.
Sorriram um para o outro.
A mãe, cansada, aliviada, feliz, continuou a chover muito mansinha.
Não queria chover demasiado.



A Mãe que Chovia

Solstício



Solstício
Solstício

O poema não acontece quando eu quero.
Assim como a lágrima, só é verdade
quando escorre. Ou fica ali prestes a cair
desanuviando a íris
tal um girassol no deserto;
nem sim nem não
– algo humano que desliza
e rasteja – pede clemência:
saliva é oásis!
A porção Deus em mim
não segue procissão.
Sinto falta de um altar no sol.

Ou é o contrário?

Lou Albergaria

Amoras Amorais



Amoras Amorais
Amoras Amorais

O ano é 1969: a primeira mulher
pousa na Lua em 27 de julho – e logo
a menina, filha de Woodstock, 
procura um canto
onde possa cultivar os
seus mistérios – livre! do
que os outros vão pensar:
Amoras amorais! depois que
todas as maçãs foram usadas
pra sufocar as mulherzinhas
dos contos de fadas,
a mulher que não aceita opressão
aponta como novo símbolo do desejo
a amora – esta que se permite
enrodilhar na língua a serpente
e ainda deixa Adão
pra depois do jantar.

Lou Albergaria

"Existem silêncios que falam e se ouvem mais do que palavras, é aquele silêncio que eu admiro e que quer dizer que não necessitamos de declarar absolutamente nada à outra pessoa. Neste caso a outra pessoa és tu. Quem mais poderia ser?"

Pra Ti meu Lindo... sempre pra Ti, EU Te Amo!


Uivo da Loba

Tão bom viver dia a dia

Uivo da Loba


Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana

"Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho. Eles passarão, eu passarinho" 

Mário Quintana
Uivo da Loba

Quero Apenas

Quero Apenas


Quero apenas

Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.

Olga Savary

Ar




Ar
Ar

É da liberdade destes ventos 
que me faço.
Pássaro-meu corpo 
(máquina de viver),
bebe o mel feroz do ar
nunca o sossego.

Olga Savary

As Pessoas Sensíveis


As pessoas sensíveis





As Pessoas Sensíveis 

As pessoas sensíveis não são capazes 
De matar galinhas 
Porém são capazes 
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem

Sophia de Mello Breyner Andresen

Canta

Canta

Atreve-te a julgar. Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza. Respira-te, despe-te,
faz amor com as tuas convicções, não te limites a sorrir
quando não sabes mais o que dizer. Os teus dentes estão
lavados, as tuas mãos são amáveis, mas falta-te decisão
nos passos e firmeza nos gestos. Procura-te. Tenta encontrar-te
antes que te agarre a voracidade do tempo. Faz as coisas com
paixão. Uma paixão irrequieta, que não te dê descanso
e te faça doer a respiração. Aspira o ar, bebe-o com força,
é teu, nem um cêntimo pagarás por ele. Quanto deves
é à vida, o que deves é a ti mesmo.
Canta.
Canta a água e a montanha e o pescoço do rio,
e o beijo que deste e o beijo que darás, canta
o trabalho doce da abelha e a paciência com que crescem
as árvores, canta cada momento que partilhas com amigos,
e cada amigo como um astro que desperta
no firmamento breve do teu corpo.
E canta o amor.
E canta tudo o que tiveres razão para cantar.
E o que não souberes e o que não entenderes, canta.
Não fujas da alegria. A própria dor ajuda-te a medir
a felicidade. Carrega nos teus ombros
os séculos passados e os séculos vindouros,
muito do pó que sacodes já foi vida, talvez beleza, orgulho,
pedaços de prazer. A estrela que contemplas talvez já não
exista, quem sabe?, o que te ajudou a ser vida
de quantas vidas precisou. Canta!
Se sentires medo, canta.
Mas se em ti não couber a alegria, não pares de cantar.
Canta. Canta. Canta. Canta. Canta. Constrói o teu amor,
vive o teu amor, ama o teu amor. De tudo
o que as pessoas querem, o que mais querem é o amor.
Sem ele nada nunca foi igual, nada é igual,
nada será igual alguma vez.
Canta.
Canta

Enquanto esperas, canta.
Canta quando não quiseres esperar.
Canta se não encontrares mais esperança.
E canta quando a esperança te encontrar.
Canta porque te apetece cantar e porque gostas
de cantar e porque sentes que é preciso cantar.
E canta quando já não for preciso. Canta
porque és livre. E canta se te falta
a liberdade.

Joaquim Pessoa in Vou-me embora de mim

E AS LOUCAS HORAS

NÃO COMPRE ANIMAIS, ADOTE!!!BICHO É TUDO DE BOM .

NÃO COMPRE ANIMAIS, ADOTE!!!BICHO É TUDO DE BOM .